Ali, no dia 16 de Outubro de 1943, homens, mulheres, idosos e até crianças foram violentamente arrastados e deportados para os campos de concentração nazistas. Até hoje é possível ver algumas identificações na entrada de algumas casas, com o nome da família que foi levada. Uma triste recordação para quem passa e vive por ali.
Sugiro uma caminhada pela manhã, pelas ruas que mais parecem um labirinto. Em muitas não passam carros, são verdadeiros becos, e você pode caminhar tranquilamente, sem medo de se perder.
O Gheto está localizado ao lado da Piazza Aracoeli, em frente ao Campidoglio. Para conhecê-lo, você pode entrar por qualquer uma das ruazinhas em frente a Piazza, ou entrar pelo Teatro de Marcello. Se entrar por ali, estará bem no coração do bairro, encontrando o Portico di Ottavia (em obras), irmã de Augusto. Se optar pela Via Montanara, na lateral do Teatro, você pode conhecer a Igreja Santa Maria In Portico, dedicada à Cristo e a Madre di Dio, que segundo relatos, liberou o povo da peste que assolava Roma em 1656, e é considerada protetora de Roma nas adversidades.
Continue, mesmo sem rumo certo, pelas ruazinhas e encontrará a Fontana delle Tartarughe, de Giacomo della Porta. Uma verdadeira jóia do bairro!
Quando bater a fome, não se preocupe! Lá mesmo você poderá degustar os melhores pratos da cozinha judia-romana, que é um dos pilares da cozinha romana. Os hebreus influenciaram fortemente a cozinha romana, enriquecendo-a com novos ingredientes: ao sabor intenso dos miúdos, muito apreciado pelos romanos, juntaram os delicados sabores dos fritos, como as fiori di zucca ( flores de abóbora), mozzarella, zucchini (abobrinha) anchovas, os filés de bacalhau e as famosas alcachofras alla judia. Tudo deliciosamente empanado e frito, saborosíssimos!!!
Na Via del Portico D´Ottavia, está localizado o Nonna Betta, cozinha Kosher autêntica. Peça o Antipasto completo de entrada, assim, você pode provar esses fritos diversos. Se preferir, peça somente a alcachofra alla judia de entrada. Depois, pode escolher entre as opções de massas, incluindo a Carbonara de Abobrinha, bem leve e gostosa.
Para a sobremesa, minha dica é ir até a Pasticceria La Dolce Roma, ao lado do restaurante. Se for no verão, experiente o gelato, é muito bom. No inverno, eles não servem gelato, aí você tem doces maravilhosos, como bolos de chocolate, apfel strudel de maças e um cafezinho para acompanhar.
Após a sobremesa, você pode continuar a caminhada e conhecer a Sinagoga e depois seguir até a Ilha Tiberina, no Rio Tevere. A ponte Fabrício que leva até a ilha, é a ponte romana mais antiga de Roma em condições originais, ela data de 62 a.C.
Enfim... um roteiro pela História e pelos sabores da gastronomia judaica-romana!
Para saber mais:
O documentário My Italian Secret conta a vida do ciclista italiano Gino Bartali e mostra cenas do Gheto romano. O filme é de Oren Jacoby, 2014 e está disponível no Netflix.
Restaurantes:
Museu Ebraico:
Já passei algumas vezes pelo Gheto, mas confesso nunca havia pensado na história. Lendo teu texto me deu muita vontade de retornar e realmente conhecer. Muito lindo. Grazie amore. :)
ResponderExcluirObrigada Salete! O Gheto é um lugar imperdível em Roma e um lugar para voltar muitas vezes! Aproveite!!
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